terça-feira, 14 de setembro de 2010

Síndrome do Intestino Irritável

Estudos de prevalência, estimam que no Brasil Ocidente, 20% da população apresenta sintomas compatíveis com a presença dessa síndrome, com predomínio nas mulheres.


Aproximadamente 50% dos pacientes que procuram atendimento gastroenterológico sofrem de problemas funcionais, ou seja, não apresentam lesão orgânica no aparelho digestivo demonstrável pelos métodos propedêuticos atuais.

Entre as doenças funcionais, a síndrome do intestino irritável (SII) é a mais freqüente. Trata-se de um distúrbio do trato digestivo para o qual não se demonstrou, até o momento, qualquer alteração metabólica, bioquímica ou estrutural da(s) víscera(s) envolvida(s), manifestando-se pela acentuação, inibição ou simplesmente modificação da função intestinal.

Como ocorre em todos os distúrbios funcionais, não há marcadores laboratoriais, nem exames de imagem que confirmem o diagnóstico. Por este motivo, utilizam-se critérios clínicos para que a hipótese possa ocorrer, na maioria dos casos, sem necessidade de investigação.

A Síndrome costuma ser dividida em 3 grupos:
  • Predomínio de constipação (intestino preso);
  • Predomínio de diarréia;
  • Alternância entre constipação e diarréia.

Os dois métodos mais utilizados para o diagnóstico clínico da Síndrome são os Critérios de Roma III (2006) e Critérios de Manning (1978).

Critérios de Manning
  • Dor abdominal que se alivia após a evacuação;
  • Fezes amolecidas;
  • Evacuações mais freqüentes quando as dores se instalam;
  • Distensão abdominal;
  • Presença de muco nas fezes;
  • Sensação de que a evacuação foi incompleta;

Critérios de Roma III
  • Dor ou desconforto abdominal, iniciados no mínimo 6 meses, que se manifestam pelo menos durante 3 dias por mês, nos últimos 3 meses, acompanhados de duas das seguintes características:
  • Melhora com a evacuação, ou alteração da freqüência das evacuações ou da consistência das fezes;
  • A aparência do bolo fecal classifica a síndrome no tipo diarréico, constipado ou misto;
  • Esses sintomas tendem a ser inicialmente intermitentes, com períodos de remissão de maior ou menor duração, mas sua ausência, mesmo prolongada, não significa a cura da disfunção.

Outros sintomas comuns podem servir como suporte para o diagnóstico da Síndrome:
  • Freqüência evacuatória anormal – > de 3 evacuações por dia ou < de 3 por semana;
  • Consistência das fezes alterada – Escala de Bristol;
  • Alteração do padrão evacuatório – esforço excessivo, urgência;
  • Flatulência

O tratamento e determinado pelo tipo e intensidade dos sintomas, bem como pela abordagem psicossocial. A alimentação tem extrema importância no tratamento da Síndrome do intestino irritável, e algumas simples mudanças de hábitos podem amenizar os desconfortos causados pela SII. Lembrando que cada caso deve ser avaliado separadamente, pois cada paciente apresenta sintomas e características diferentes, necessitando de uma avaliação individual.
  • Aumentar a ingestão de água é fundamental. Tanto em casos de constipação, para melhorar a formação do bolo fecal, quanto na diarréia, para manter a hidratação;
  • Reduzir a ingestão de gorduras e açúcares;
  • Reduzir a ingestão de alimentos que aumentam a distensão abdominal e a flatulência (refrigerantes, bebidas gaseificadas, repolho, couve, brócolis, rabanete, ovos, lácteos) – em casos de aparecimento dos sintomas;
  • Aumentar a ingestão de fibras principalmente vindas dos vegetais: frutas com casca ou bagaço, verduras e legumes crus;
  • A suplementação de fibras poderá ser necessária, sempre com indicação do nutricionista;
  • A suplementação de probióticos (microorganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal, produzindo efeitos benéficos a saúde do indivíduo) também poderá ser indicada pelo nutricionista;


Imagens:
Google Imagens

Fontes:
MOURÃO, Anderson Omar; DAMIÃO, Cintra e SIPAHI, Aytan Miranda. Síndrome do intestino irritável. Disponível em: http://www.cibersaude.com.br.

NETO, Ulysses Fagundes; MARCHETTE, Aline Caetano. Síndrome do intestino irritável. The Eletronic Journal of Pediatric Gastroenterology, Nutrition and Liver Diases. Disponível em: http://www.e-gastroped.com.br.

PASSOS, Maria do Carmo F. Síndrome do intestino irritável: ênfase ao tratamento. JBG, J. bras. gastroenterol., Rio de Janeiro, v.6, n.1, p.12-18, jan./mar2006.

DANTAS, Waldomiro. Fibra e Aparelho digestivo. Rev Bras Colo-Proct, 1989; (9)2: 75-79.

THEOPHILO, Isabela de Paula Pessoa e GUIMARÃES, Norma Gonzaga. Tratamento com probióticos na síndrome do intestino irritável. Com. Ciências Saúde. 2008;19(3):271-281.

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