Estudos de prevalência, estimam que no Brasil Ocidente, 20% da população apresenta sintomas compatíveis com a presença dessa síndrome, com predomínio nas mulheres.
Aproximadamente 50% dos pacientes que procuram atendimento gastroenterológico sofrem de problemas funcionais, ou seja, não apresentam lesão orgânica no aparelho digestivo demonstrável pelos métodos propedêuticos atuais.
Entre as doenças funcionais, a síndrome do intestino irritável (SII) é a mais freqüente. Trata-se de um distúrbio do trato digestivo para o qual não se demonstrou, até o momento, qualquer alteração metabólica, bioquímica ou estrutural da(s) víscera(s) envolvida(s), manifestando-se pela acentuação, inibição ou simplesmente modificação da função intestinal.
Como ocorre em todos os distúrbios funcionais, não há marcadores laboratoriais, nem exames de imagem que confirmem o diagnóstico. Por este motivo, utilizam-se critérios clínicos para que a hipótese possa ocorrer, na maioria dos casos, sem necessidade de investigação.
A Síndrome costuma ser dividida em 3 grupos:
- Predomínio de constipação (intestino preso);
- Predomínio de diarréia;
- Alternância entre constipação e diarréia.
Os dois métodos mais utilizados para o diagnóstico clínico da Síndrome são os Critérios de Roma III (2006) e Critérios de Manning (1978).
Critérios de Manning
- Dor abdominal que se alivia após a evacuação;
- Fezes amolecidas;
- Evacuações mais freqüentes quando as dores se instalam;
- Distensão abdominal;
- Presença de muco nas fezes;
- Sensação de que a evacuação foi incompleta;
Critérios de Roma III
- Dor ou desconforto abdominal, iniciados no mínimo 6 meses, que se manifestam pelo menos durante 3 dias por mês, nos últimos 3 meses, acompanhados de duas das seguintes características:
- Melhora com a evacuação, ou alteração da freqüência das evacuações ou da consistência das fezes;
- A aparência do bolo fecal classifica a síndrome no tipo diarréico, constipado ou misto;
- Esses sintomas tendem a ser inicialmente intermitentes, com períodos de remissão de maior ou menor duração, mas sua ausência, mesmo prolongada, não significa a cura da disfunção.
Outros sintomas comuns podem servir como suporte para o diagnóstico da Síndrome:
- Freqüência evacuatória anormal – > de 3 evacuações por dia ou < de 3 por semana;
- Consistência das fezes alterada – Escala de Bristol;
- Alteração do padrão evacuatório – esforço excessivo, urgência;
- Flatulência
O tratamento e determinado pelo tipo e intensidade dos sintomas, bem como pela abordagem psicossocial. A alimentação tem extrema importância no tratamento da Síndrome do intestino irritável, e algumas simples mudanças de hábitos podem amenizar os desconfortos causados pela SII. Lembrando que cada caso deve ser avaliado separadamente, pois cada paciente apresenta sintomas e características diferentes, necessitando de uma avaliação individual.
- Aumentar a ingestão de água é fundamental. Tanto em casos de constipação, para melhorar a formação do bolo fecal, quanto na diarréia, para manter a hidratação;
- Reduzir a ingestão de gorduras e açúcares;
- Reduzir a ingestão de alimentos que aumentam a distensão abdominal e a flatulência (refrigerantes, bebidas gaseificadas, repolho, couve, brócolis, rabanete, ovos, lácteos) – em casos de aparecimento dos sintomas;
- Aumentar a ingestão de fibras principalmente vindas dos vegetais: frutas com casca ou bagaço, verduras e legumes crus;
- A suplementação de fibras poderá ser necessária, sempre com indicação do nutricionista;
- A suplementação de probióticos (microorganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal, produzindo efeitos benéficos a saúde do indivíduo) também poderá ser indicada pelo nutricionista;
Imagens:
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Fontes:
MOURÃO, Anderson Omar; DAMIÃO, Cintra e SIPAHI, Aytan Miranda. Síndrome do intestino irritável. Disponível em: http://www.cibersaude.com.br.
NETO, Ulysses Fagundes; MARCHETTE, Aline Caetano. Síndrome do intestino irritável. The Eletronic Journal of Pediatric Gastroenterology, Nutrition and Liver Diases. Disponível em: http://www.e-gastroped.com.br.
PASSOS, Maria do Carmo F. Síndrome do intestino irritável: ênfase ao tratamento. JBG, J. bras. gastroenterol., Rio de Janeiro, v.6, n.1, p.12-18, jan./mar2006.
DANTAS, Waldomiro. Fibra e Aparelho digestivo. Rev Bras Colo-Proct, 1989; (9)2: 75-79.
THEOPHILO, Isabela de Paula Pessoa e GUIMARÃES, Norma Gonzaga. Tratamento com probióticos na síndrome do intestino irritável. Com. Ciências Saúde. 2008;19(3):271-281.
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