A frutose é um importante carboidrato encontrado no organismo humano e na maioria das plantas e como componente de frutas e outros vegetais, é ingerida regularmente com a dieta. Nos últimos anos, especialmente em países desenvolvidos, a ingestão de frutose vem aumentando acentuadamente, em decorrência do maior consumo de produtos industrializados contendo frutose e sorbitol como adoçantes. Ou seja, a indústria utiliza grandes quantidades de açúcar frutose para ser utilizado em refrigerantes, ketchup, doces, geleias... Ela é um adoçante efetivo e de baixo custo, e portanto é muito usada em alimentos e bebidas (xarope de milho rico em frutose). Tem efeito de dependência, tornando-se difícil de ser reduzida e ou eliminada da dieta
Na prática nutricional corrente, a ingestão moderada de frutose presente nos alimentos NATURAIS tem efeitos benéficos a partir da sua utilização como elemento energético. Entretanto, é importante salientar o crescente aumento no seu uso como adoçante em produtos INDUSTRIALIZADOS e que, portanto, a possibilidade de produzir lipídios por meio dos compostos intermediários como o glicerol e o gliceraldeído, levando ao aumento dos lipídios sangüíneos, deve ser considerada, principalmente na população com risco de problemas cardíacos.
Existe uma imensa diferença ao comparar a frutose industrializada, ou seja, a frutose refinada, que é extremamente mais concentrada do que a frutose encontrada nas frutas, e desbalanceada, sem os poderosos micros e fitonutrientes, antioxidantes, sem proteína, gordura, sendo quase que puro açúcar, sem água, fibra, etc. que acompanham todo o pacote nutricional no qual os alimentos vegetais do qual ela foi refinada continham. Esta frutose industrial vem geralmente do famoso HFCS-55 (Xarope de milho rico em frutose). E, devido a todos estes micro e macronutrientes, a fruta obviamente é metabolizada de forma diferente em nosso organismo do que a frutose isolada (adoçante), o açúcar refinado ou o HFCS.
E a questão principal é, a quantidade de frutose em 100 gramas de fruta ou vegetal cru, fresco e integral, é infinitamente menor que a quantidade de frutose em qualquer alimento industrializado e açucarado. Como podemos ver na tabela de análise, comparando a banana, com 2.7 gramas de frutose e o refrigerante com 61 gramas a cada 100 ml. Portanto, você precisaria consumir quase um quilo de uvas, uma das frutas mais ricas em frutose, para obter quantidades similares que você encontra em um terço de copo de refrigerante.
Sabemos que o consumo de frutas pelos brasileiros e através do mundo é baixíssimo, não alcançando nem a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) de 400 gramas por dia (4 bananas médias ou 2 maças grandes).
Então como se a própria OMS prova e alega em diversos relatórios que FLV (Frutas, Vegetais e legumes) tem um papel crucial na manutenção da saúde, peso e na prevenção contra inúmeras DCD, frutas poderiam ser de repente o vilão? E, já que sabemos por registros antropológicos das arcadas dentárias de nossos ancestrais, que seres humanos viveram a base de frutas por aproximadamente 50 milhões de anos, e a frutose obviamente não os tornou obesos ou propensos a doenças, de modo a serem fortes e saudáveis para sobreviverem na natureza.
Sartorelli et al. por meio de pesquisa que adotou o modelo transversal e amostra de 475 homens e 579 mulheres nipônico-brasileiros com idade de aproximadamente 30 anos, mostraram que elevadas ingestões de frutose e suco de frutas com açúcar de adição na dieta foram associados à intolerância à glicose entre indivíduos geneticamente susceptíveis. No entanto, ***não houve associação quando se considerou o elevado consumo de frutas frescas e a intolerância à glicose.***
Portanto, por mais contraintuitivo que isso possa soar, devido a fruta e frutose serem nomes similares, se você quer reduzir o consumo de frutose drasticamente, corte todos seus pães, bolos, refrigerantes, balas, Milk-shakes, chocolates e qualquer tipo de alimento que contenha açúcar refinado ou adoçante. Para fazer isso de uma forma efetiva sem sofrer de desejos enlouquecedores por doces, você precisará aumentar seu consumo de frutas. Assim, você não só consumirá uma frutose saudável, mas em concentrações muito menores das que vem dessas abominações dietéticas geradas por seres humanos modernos.
O estudo de Gaino e Silva, ressalta que até o presente momento, não foi disponibilizada nenhuma recomendação de ingestão específica para a frutose, e que o consumo da mesma proveniente de frutas e hortaliças não deve ser
desencorajado, pois sua ingestão é considerada segura e saudável.
ANTES DE CORTAR TODA A INGESTÃO DE FRUTAS DA SUA ALIMENTAÇÃO, CONSULTE UM PROFISSIONAL HABILITADO, QUE LHE INDIQUE A MELHOR PORÇÃO A SER INGERIDA.
Fontes:
BARREIROS, Rodrigo Crespo; BOSSOLAN, Grasiela and TRINDADE, Cleide Enoir Petean.Frutose em humanos: efeitos metabólicos, utilização clínica e erros inatos associados. Rev. Nutr. [online]. 2005, vol.18, n.3, pp. 377-389. ISSN 1415-5273.
Dan L. Waitzberg; Artemis P. Simopoulos; Peter G. Bourne; Olle Faergeman. Obstáculos para a implementação governamental de dietas saudáveis com base científica e como superá-los. Estud. av. vol.27 no.78 São Paulo 2013.
Corassa, Eduardo. Frutose Faz Mal? Artigo para o site Menu Vegano, 2014.
John P. Bantle “Dietary Fructose and Metabolic Syndrome and Diabetes” J Nutr. Jun 2009; 139(6): 1263S–1268S.
Consumo de frutose e saúde. Gaino e Silva; Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 18(2): 88-98, 2011.